8°A- Narrativa do livro- O Quinze
Murilo Milk, Jean Carlos, Marcelo, Hércules, Doercio
- Tenho fé
em São José que ainda chove! Tem se visto inverno começar até em abril.
Na mesa de
jantar uma grande toalha vermelha de
xadrez duas xícaras e um bule anunciavam a ceia.
- Você não
vem tomar seu café com leite, Conceição?
- A moça
levantou-se da rede onde estava, sentou-se a mesa e pôs-se a ceia , calada e distraída.
A velha
ainda falou alguma coisa e foi fumar na quarto.
Conceição
com o farol de querosene na mão, passou diante do quarto da avó, e entrou no
seu.Colocou um tempo a janela olhando para o céu.E ao fechá-la, porque soprava
um vento um frio que lhe arrepiavam os braços ia dizendo:
- Eh! A lua
limpa, sem lagoa! Chove não!...
Foi estante, bocejando procurou um livro, escolheu uns quatro ou cinco livros, que pôs na mesa junto do farol.
Pegou o primeiro que alcançou e começou a ler.
Até que dona Inácia, ouvindo o cuco do relógio cantar doze horas, resmungou de lá:
- Apagá a luz, menina! Já é meia noite!
Encostado a uma arvore seca, Vicente dirigia entrega de rama verde ao gado
Reclamava da seca. queria ir para Quixadá.
Uma vaca que se afastava chamou a atenção do menino, que deu um grito chamando o vaqueiro.
-Você viu, Compadre João, como a Jandaia tem carrapato? Até no focinho!
O João Marreca olhou para o animal que estava de verrugas pretas,encaroçando-lhe o corpo inteiro:
- Tem umas ainda pior... Carece é carrapaticida muito... E as reses assim fracas...
Vicente lastimou -se:
- Inda por cima do verãozão, diabo de tanto carrapato... Dá vontade é de deixar morrer logo !
- Por falar em deixar morrer... O compadre já soube que a dona Maroca das aroeiras deu ordem pra, se não chover até o dia de São Jose, abrir as porteiras do curral? E se o pessoal dela que ganhe o mundo... Não tem mais serviço pra ninguém.
Encostado ao muro da porteira o vaqueiro das aroeiras, Chico Bento, observava dolorosamente o gado sair do curral e sumindo pra bem longe numa nuvem de poeira.
Saindo o último boi, Chico Bento fechou a porteira e foi caminhando até sumir numa nuvem de poeira.
Chico Bento já avistava sua tipoia, e foi entrando devagar.
Lá fora um menino fazia o cachorro latir, cutucando-o com uma varinha,
E gritava entre risos:
- Diabo ruim ! Pisca ! Limpa-Trilho! Pisca!
Chico Bento apareceu á janela e com a mão enfurecida cortando o ar:
- Limpa-Trilho! Josias! Pra dentro, seu sem vergonha !
Agora, ao Chico Bento, como seu único recurso, só restava ir embora.
- Mas Chico, eu tenho tanta pena da minha barraquinha! Onde é que a gente vai viver nesse mundão de meu Deus ?
A voz do dolente do vaqueiro logo se ergue em consolações e promessas:
- Em todo pé de pau há um galho mole a gente armar uma tipoia... Se chovesse, que de noite, que de dia, tinha carecido se ganhar o mundo atrás de um gancho ?
No dia seguinte, ainda de manhã:
- Ah sim! Tá na hora...
A manha era fria quase nevoenta.
O menino abriu a porteira e tangeu as rezes, que saíram devagarinho; em direção ao Norte.
No trem da estação de logradouro Conceição, auxiliada por Vicente, ia acomodando dona Inácia.A cesta de plantas debaixo do bando.
Uma maleta de Santos ali ao lado.Chegou a despedida
- Adeus, Vicente.Diga as meninas que escrevo, assim que chegue.Dê um abraço muito grande em tia Idalina.
- Cadê o abraço?
Ela riu-se e abraçou-lhe:
- Tome! Leve o direito!...
- Acho que acabo é ficando com ele...
- Porque não vão lá pra casa, passar uns dias ?
- Quem pode! Só se deixasse aqui tudo morrendo...
A sineta, bateu, a maquina apitou forte.Dona Inácia alarmou-se:
- Salte, meu filho! O trem já vai embora!
O trem marchava devagarinho, até sumir numa curva.
Depois de muito andar, de repente um bé!, agudo e longo. E uma cabra surgiu do meio dos galhos secos.
Chico Bento tirou a faca do cinto e abriu um corte debaixo da boca até abrir a cabra no meio.
Mas Pedro, que olhava a estrada interrompeu:
- Olha pai !
Um homem vinha para eles em grandes passados.Agitava os braços em fúria, aos berros:
- Cachorro! Ladrão! Matar minha cabrinha! Desgraçado!
Chico Bento, tonto, desnorteado, deixou a faca cair e pedia:
- Meu senhor, pelo amor de Deus! Me deixe um pedaço de carne, um toquinho ao menos, que de um caldo para a mulher mas as meninas! Foi para eles que eu matei!
- Não dou nada!Ladrão! Sem vergonha! Cabra sem vergonha!
- Tome! Só se for isto! A um diabo que faz uma desgraça como você fez, dar as tripas é até demais!...
Alguns dias depois em Quixadá encontravam Conceição resmungando:
- Para onde estão indo?
- Queríamos ir para o Norte, mas já desistimos!
- Pro Norte! Porque não vão para São Paulo? terra boa, cheia de oportunidades!
- Escute vou tentar arrumar as passagens
- Obrigado! Obrigado mesmo!
Dois dias depois na estação de Quixadá, Chico Bento com Cordulina e as crianças se preparavam para ir á São Paulo. Chegou a despedida
- Tchau, Deus te abençoe e que sejam muito felizes!
- Você também Conceição, fica com Deus !
O trem apitou forte e partiu com a família de Chico Bento para São Paulo.
FIM
Pegou o primeiro que alcançou e começou a ler.
Até que dona Inácia, ouvindo o cuco do relógio cantar doze horas, resmungou de lá:
- Apagá a luz, menina! Já é meia noite!
Encostado a uma arvore seca, Vicente dirigia entrega de rama verde ao gado
Reclamava da seca. queria ir para Quixadá.
Uma vaca que se afastava chamou a atenção do menino, que deu um grito chamando o vaqueiro.
-Você viu, Compadre João, como a Jandaia tem carrapato? Até no focinho!
O João Marreca olhou para o animal que estava de verrugas pretas,encaroçando-lhe o corpo inteiro:
- Tem umas ainda pior... Carece é carrapaticida muito... E as reses assim fracas...
Vicente lastimou -se:
- Inda por cima do verãozão, diabo de tanto carrapato... Dá vontade é de deixar morrer logo !
- Por falar em deixar morrer... O compadre já soube que a dona Maroca das aroeiras deu ordem pra, se não chover até o dia de São Jose, abrir as porteiras do curral? E se o pessoal dela que ganhe o mundo... Não tem mais serviço pra ninguém.
Encostado ao muro da porteira o vaqueiro das aroeiras, Chico Bento, observava dolorosamente o gado sair do curral e sumindo pra bem longe numa nuvem de poeira.
Saindo o último boi, Chico Bento fechou a porteira e foi caminhando até sumir numa nuvem de poeira.
Chico Bento já avistava sua tipoia, e foi entrando devagar.
Lá fora um menino fazia o cachorro latir, cutucando-o com uma varinha,
E gritava entre risos:
- Diabo ruim ! Pisca ! Limpa-Trilho! Pisca!
Chico Bento apareceu á janela e com a mão enfurecida cortando o ar:
- Limpa-Trilho! Josias! Pra dentro, seu sem vergonha !
Agora, ao Chico Bento, como seu único recurso, só restava ir embora.
- Mas Chico, eu tenho tanta pena da minha barraquinha! Onde é que a gente vai viver nesse mundão de meu Deus ?
A voz do dolente do vaqueiro logo se ergue em consolações e promessas:
- Em todo pé de pau há um galho mole a gente armar uma tipoia... Se chovesse, que de noite, que de dia, tinha carecido se ganhar o mundo atrás de um gancho ?
No dia seguinte, ainda de manhã:
- Ah sim! Tá na hora...
A manha era fria quase nevoenta.
O menino abriu a porteira e tangeu as rezes, que saíram devagarinho; em direção ao Norte.
No trem da estação de logradouro Conceição, auxiliada por Vicente, ia acomodando dona Inácia.A cesta de plantas debaixo do bando.
Uma maleta de Santos ali ao lado.Chegou a despedida
- Adeus, Vicente.Diga as meninas que escrevo, assim que chegue.Dê um abraço muito grande em tia Idalina.
- Cadê o abraço?
Ela riu-se e abraçou-lhe:
- Tome! Leve o direito!...
- Acho que acabo é ficando com ele...
- Porque não vão lá pra casa, passar uns dias ?
- Quem pode! Só se deixasse aqui tudo morrendo...
A sineta, bateu, a maquina apitou forte.Dona Inácia alarmou-se:
- Salte, meu filho! O trem já vai embora!
O trem marchava devagarinho, até sumir numa curva.
Depois de muito andar, de repente um bé!, agudo e longo. E uma cabra surgiu do meio dos galhos secos.
Chico Bento tirou a faca do cinto e abriu um corte debaixo da boca até abrir a cabra no meio.
Mas Pedro, que olhava a estrada interrompeu:
- Olha pai !
Um homem vinha para eles em grandes passados.Agitava os braços em fúria, aos berros:
- Cachorro! Ladrão! Matar minha cabrinha! Desgraçado!
Chico Bento, tonto, desnorteado, deixou a faca cair e pedia:
- Meu senhor, pelo amor de Deus! Me deixe um pedaço de carne, um toquinho ao menos, que de um caldo para a mulher mas as meninas! Foi para eles que eu matei!
- Não dou nada!Ladrão! Sem vergonha! Cabra sem vergonha!
- Tome! Só se for isto! A um diabo que faz uma desgraça como você fez, dar as tripas é até demais!...
Alguns dias depois em Quixadá encontravam Conceição resmungando:
- Para onde estão indo?
- Queríamos ir para o Norte, mas já desistimos!
- Pro Norte! Porque não vão para São Paulo? terra boa, cheia de oportunidades!
- Escute vou tentar arrumar as passagens
- Obrigado! Obrigado mesmo!
Dois dias depois na estação de Quixadá, Chico Bento com Cordulina e as crianças se preparavam para ir á São Paulo. Chegou a despedida
- Tchau, Deus te abençoe e que sejam muito felizes!
- Você também Conceição, fica com Deus !
O trem apitou forte e partiu com a família de Chico Bento para São Paulo.
FIM
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